Qual teste alérgico devo fazer?
A resposta certa é que depende. Depende da história dos seus sintomas, e a pessoa certa para indicar qual teste deve ser feito é o médico alergista e imunologista.
Os testes alérgicos são realizados para pesquisar a sensibilização alérgica que aquele paciente pode ter a determinados componentes específicos (alérgenos do ar, dos alimentos, entre outros), e essa seleção deve ser feita baseada na história clínica do paciente. Então, nem todo mundo tem indicação de realizar os testes de alergia, isso dependerá da história clínica.
Sensibilização alérgica é tradicionalmente definida quando a IgE sérica específica (in vitro) para alérgenos é ≥ 0,35kUA/L, ou quando o teste cutâneo de leitura imediata (in vivo) é positivo (diâmetro médio da pápula ≥ 3 mm). Esses testes têm alta sensibilidade, mas sozinhos não significam doença, devendo ser confrontados com a história clínica.
Teste Cutâneo de leitura imediata (Prick teste)
Uma das principais ferramentas diagnosticas na alergia, por ser simples, rápido, além de ter um baixo custo e alta sensibilidade.
Quem pode aplicar o teste?
Deve ser feito por profissional treinado e capacitado, pois erros de técnica e de interpretação podem levar a resultados falso-positivos ou negativos.
A partir de que idade o prick teste pode ser feito?
Pode ser realizado desde a infância (0 anos), até idades mais avançadas. Não existe contraindicação.
Como é realizado?
- Realizado a limpeza (assepsia) da superfície volar do antebraço.
- Aplicação das gotas dos extratos alergênicos a serem testados, na superfície da pele.
- Aplicação dos controles, positivo (histamina) e negativo (solução salina).
- Com agulha estéril ou com lancetas, a pele é perfurada, sem sangramentos, permitindo a passagem dos extratos alergênicos presentes nas gotas até as camadas superficiais da epiderme.
- Um minuto após, o excesso da solução pode ser retirado da pele, através de um algodão ou papel-toalha absorvente.
- Deve-se aguardar cerca de 15 – 20minutos para seguir com a leitura do teste.
- A leitura é feita utilizando régua milimetrada. O teste é considerado positivo quando a pápula for maior ou igual a 3 mm.
Quais os componentes testados nesse teste?
– Aeroalérgenos (ácaros da poeira doméstica, fungos, animais domésticos, baratas, pólens.
– Alimentos
– Insetos
Existe alguma contraindicação para a realização desse teste?
– Uso de antialérgicos nos últimos 5 dias.
– Uso de antidepressivo na última semana.
– Lesão de pele no local do teste;
– Gravidez;
– Asma não controlada;
– Asma grave;
– Doença cardiovascular instável;
– Dermografismo;
Teste de contato: Patch teste
É um teste muito usado para avaliar as alergias de contato, aquelas que apresentam reação tardia (48 horas a 72 horas). Irá auxiliar identificando e confirmando quais os agentes causadores daquela dermatite.
O teste tenta reproduzir uma reação em miniatura, na pele do paciente, com o alérgeno suspeito.
É aplicado através de um adesivo, contendo os alérgenos a serem testados, na pele do paciente (geralmente na região dorsal).
Existem algumas recomendações que devem ser orientadas antes da aplicação do teste como, pausar algumas medicações como corticoides orais e anti-alérgicos.
Após a aplicação, não pode ser exposto ao sol, deve ter cuidado ao tomar banho pois o adesivo não pode ser molhado e também não deve realizar atividade física para o adesivo não se soltar por conta do suor.
Após 48 horas o paciente deve retornar até o consultório para ser retirado o adesivo e ser realizada a primeira leitura do exame. O paciente retorna para a casa sem o adesivo.
Após 72 a 96 horas o paciente retorna novamente até o consultório para a última leitura do teste e relatório final.
A investigação inicial geralmente se inicia com a bateria padrão (brasileira ou latino-americana) e posteriormente as séries complementares específicas para aquela área do corpo afetada como:
- Capilar
- Unhas
- Calçados
- Dental
- Medicamentos
- Fragrâncias
- Alimentos
- Pediátrica
Teste de provocação Oral
Esse é o teste padrão-ouro no diagnóstico de alergia alimentar e medicamentosa.
Como é feito?
O alimento suspeito é ofertado para o paciente, em ambiente controlado e padronizado, com o intuito de confirmar ou excluir uma alergia alimentar.
Pode ser realizado em qualquer idade, avaliando sempre os riscos e benefícios.
Quando deve ser feito?
– Quando os resultados do exames de sangue (dosagem de IgE sérica) ou do teste cutâneo não são consistentes com a história do paciente.
– Para determinar se alérgenos alimentares associados a condições crônicas, como dermatite atópica ou esofagite eosinofílica, causarão reações imediatas.
– Para avaliar reatividade clínica em pacientes sensibilizados e nos pacientes com dieta restritiva a diversos alimentos.
– Na avaliação da tolerância a alimentos que apresentam reatividade cruzada.
Quem não pode fazer esse exame?
– Asma, dermatite atópica e rinite sem controle.
– Doenças que podem afetar a segurança do exame (angina instável, doença cardíaca ou arritmias, doença pulmonar grave e gravidez).
– uso de medicamentos que possam interferir na avaliação do teste: anti-histamínicos, corticoide oral, anti-inflamatórios, inibidores da enzima de conversão da angiotensina, Beta-Bloqueadores e antiácidos;
– vigência de infecção aguda, febre, sintomas gripais, ou gastroenterite.
Como é feito o exame?
– O paciente e/ou responsáveis assinam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
– É recomendado que o paciente faça um jejum de 4 horas no dia do exame para que o alimento que está sendo testado seja melhor absorvido.
– É um processo longo e demorado. Então, quando for feito em criancas, os pais devem ficar preparados para passar toda a tarde na clínica, pois o paciente permanece em observação por pelo menos duas horas e se houver reação pode ficar em observação por mais 2 a 4 horas.
Dosagem de IgE sérica
A dosagem de IgE sérica alérgeno-específica pode ser realizada de diferentes formas e métodos laboratoriais, sem haver interferência do seu resultado com uso de medicações. Até o momento, o sistema mais comumente usado para determinar a IgE específica para alérgenos é o ImmunoCAP (Thermo Fisher Scientific), considerado o padrão ouro para o diagnóstico in vitro de condições alérgicas.
O exame tem boa precisão e reprodutibilidade, apresentando resultados no intervalo de 0,1 – 100 kUA/L.
Os testes de sensibilização são úteis para identificar pacientes com polissensibilização, definida pela presença de sensibilização a pelo menos duas fontes alergênicas distintas.