A alergia ocular ou conjuntivite alérgica, é uma condição comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Elas podem causar desconforto significativo e afetar a qualidade de vida dos pacientes. Neste artigo, exploraremos em detalhes o que é a alergia ocular, seus sintomas, causas e opções de tratamento disponíveis.
O que é alergia ocular (conjuntivite alérgica)?
A alergia ocular, também conhecida como conjuntivite alérgica, é uma reação inflamatória que ocorre na superfície ocular, envolvendo a conjuntiva, a córnea e as pálpebras, quando os olhos entram em contato com substâncias irritantes ou alérgenos.
Quais os sintomas da alergia ocular?
Os sintomas da alergia ocular podem variar de leve a grave e podem incluir:
• Prurido ocular (coceira nos olhos).
• Hiperemia conjuntival (vermelhidão).
• Lacrimejamento excessivo.
• Secreção ocular clara.
• Sensação de visão embaçada.
• Sensação de corpo estranho nos olhos (olho arranhando).
• Sensibilidade à luz (fotofobia).
• Inchaço das pálpebras.
• Olhos doloridos ou sensíveis.
Esses sintomas podem ocorrer de forma sazonal, como durante a primavera, quando há um aumento na contagem de pólen no ar, ou podem ser persistentes, ocorrendo ao longo do ano devido a alérgenos internos, como ácaros ou pelos de animais.
Como classificar a doença?
De acordo com a intensidade e frequência dos sintomas conseguimos classificar a doença como leve, moderada ou grave.
- Leve: Sinais e sintomas não incomodam; sem desconforto visual; Não interferem nas tarefas escolares e no trabalho; não dificultam as atividades do dia a dia, leitura e/ou esportes.
- Moderado (de 1 a 3 itens): Sinais e sintomas incomodam; Tem desconforto visual; Interferem nas tarefas escolares e no trabalho; Dificultam as atividades do dia a dia, leitura e/ou esportes.
- Grave (todos os itens): Sinais e sintomas incomodam; Tem desconforto visual; Interferem nas tarefas escolares e no trabalho; Dificultam as atividades do dia a dia, leitura e/ou esportes.
Quais os tipos de alergia ocular?
• Conjuntivite alérgica perene
Apresentam sintomas durante o ano todo e são provocados por alérgenos internos da casa, como ácaros da poeira, epitélios de cão e gato, mofos. Frequentemente apresentam história familiar e predisposição genética, bem como a associação com rinite alérgica.
• Conjuntivite alérgica sazonal
Apresentam sintomas em determinadas épocas do ano, durante a estação do pólen da primavera, principalmente na região sul do Brasil. Geralmente é hereditária e familiar, e frequentemente está associada com rinite.
• Ceratoconjuntivite vernal ou primaveril
É uma forma mais grave de alergia ocular, acometendo crianças e adolescentes, em países de clima quente e seco. Pode haver envolvimento da córnea com risco de agravamento do quadro e evolução para perda visual permanente.
• Ceratoconjuntivite atópica
É outra forma grave de alergia ocular que acomete as pálpebras e a córnea. Diferente da ceratoconjuntivite vernal, os adultos são mais afetados. Há associação com dermatite atópica em mais de 90 % dos casos.
• Dermatoconjuntivite de contato
Esta forma de alergia ocular se caracteriza pela presença de dermatite nas pálpebras. Os principais desencadeantes são cosméticos, colírios, bem como conservantes e soluções para limpeza de lentes
• Conjuntivite papilar gigante
A conjuntivite papilar gigante não é propriamente uma alergia ocular. Existe uma resposta imunológica secundária a um corpo estranho no olho. Os principais exemplos são as lentes de contato, próteses e cirurgias.
Existem algumas doenças que podem estar associadas à alergia ocular?
Sim. A rinite alérgica é a mais comum delas, caracterizando a chamada rinoconjuntivite alérgica. Os pacientes acabam percebendo mais os sintomas nasais do que os oculares, e por isso negligenciam o tratamento. Outras doenças alérgicas também podem ser observadas como asma e dermatite atópica.
O que pode causar a conjuntivite alérgica?
As substâncias presentes no ar que podem ocasionar alergias, chamados de aeroalérgenos, são as causas mais frequentes de desencadear alergia ocular.
Os principais são:
• Ácaros, alérgenos mais comuns.
• Fungos.
• Epitélios de animais como cães, gatos e outros.
• Pólens (região sul do Brasil – primavera).
Como é feito o diagnóstico da conjuntivite alérgica?
É feito baseado na história clínica dos sintomas e auxiliado por testes alérgicos que detectam a presença do anticorpo IgE ao alérgeno ao qual o indivíduo é sensível. Estes testes podem ser realizados no sangue (dosagem da IgE específica) ou na pele (teste cutâneo por puntura ou “prick test”).
Leia também, sobre os tipos de testes: https://dracarolinecuryalergista.com.br/testes-alergicos/
Como é feito o tratamento?
• Prevenção: Para evitar o aparecimento dos sintomas.
• Medicamentoso: Reduz a inflamação alérgica ocular e melhora os sintomas.
• Imunoterapia (vacina): Visa tornar o indivíduo mais tolerante ao alérgeno.
Medicamentos de uso local:
São os colírios, os mais indicados para o tratamento das alergias nos olhos. Existem vários tipos de colírios que serão escolhidos pelo médico de acordo com a frequência e intensidade dos sintomas da alergia.
Medicamentos de uso sistêmico:
São indicados para os casos mais graves, que não melhoram apenas com o tratamento local. As medicações mais usadas são: corticoides (uso por períodos curtos), imunossupressores como a ciclosporina, até mesmo os imunobiológicos como a anti-IgE.
Conjuntivite alérgica crônica – ceratoconjuntivite
As conjuntivites alérgicas são consideradas formas benignas de alergia ocular, apesar de interferir muito na qualidade de vida. Mais raramente, o olho pode ser acometido por outros tipos de alergia ocular, com sintomas persistentes, podendo evoluir de forma mais grave e causar danos à visão.
Aqui se incluem as ceratoconjuntivites, assim chamadas pois a inflamação crônica, além de acometer a conjuntiva, atinge também a córnea.
Qual a principal complicação?
Ceratocone é uma alteração progressiva e não inflamatória da córnea, uma estrutura transparente situada na frente do olho. À medida em que essa alteração progride, ocorre o afinamento e a projeção da córnea para fora, que assume a forma de um cone.
Essa alteração na forma da córnea leva ao aparecimento de alto grau de astigmatismo e miopia, com comprometimento visual.
Apesar da causa não ser conhecida, foi observado que o atrito intenso provocado pelo ato de coçar os olhos, que ocorre em todos os tipos de alergia ocular, contribui para o aparecimento e a progressão do ceratocone.
O ceratocone costuma ser diagnosticado na segunda década de vida, durante a puberdade, quando ocorre uma acentuação da deformidade. Visão borrada, desconforto com a luz e dificuldade para ver imagens à noite podem ser sintomas do ceratocone. O aumento progressivo do grau dos óculos ou lentes de contato pode representar um sinal de progressão e deve levantar a suspeita de ceratocone em crianças e adolescentes.
O controle da alergia e da coceira nos olhos é a melhor medida para evitar o aparecimento deste distúrbio, bem como o uso de óculos e de lentes de contato. Nos casos mais avançados, pode haver a necessidade de transplantes de córnea.
Qual o médico trata conjuntivite alérgica?
A alergia ocular deve ser acompanhada em conjunto por médico alergista e oftalmologista. Nos casos crônicos, com comorbidades, outros profissionais podem ser envolvidos.
O alergista identifica os alérgenos causadores da alergia ocular, orienta o controle ambiental para reduzir a exposição aos fatores desencadeantes, planeja e acompanha a imunoterapia com alérgenos (vacinas) para controle efetivo da doença alérgica.
O oftalmologista, com aparelhagem própria, avalia a integridade da conjuntiva inflamada, pálpebras e possíveis alterações da córnea, decorrente da inflamação alérgica. Além disso, é fundamental sua participação para confirmação diagnóstica nos casos atípicos.
A abordagem multidisciplinar e o diálogo entre os profissionais envolvidos são fatores essenciais para alcançar o sucesso no tratamento.