Dra. Caroline Ferreira Cury – Alergista e Imunologista

Venha entender tudo o que você precisa saber sobre a rinite alérgica e assim diminuir as suas crises!!

A rinite alérgica é uma doença não contagiosa, caracterizada por sintomas de obstrução nasal (nariz tampado), coriza (nariz escorrendo), espirros, e coceira no nariz e/ou olhos

É mais comum após os dois anos de vida, sendo uma das doenças crônicas mais comuns na pediatria. Nos adultos, atinge o pico na segunda a quarta décadas de vida e depois diminui gradualmente.

criança com urso espirrando

Outros sinais que os pacientes com rinite alérgica podem ter:

Finco nasal: marca que faz sobre o nariz de tanto coçar.

criança coçando o nariz

Olheiras: Pela inflamação da mucosa nasal, acontece um edema (inchaço) dessa mucosa que faz com que ocorra um acúmulo da parte venosa na região inferior dos olhos, causando o aspecto escurecido embaixo dos olhos.  

olheiras

A rinite alérgica pode ser:

  • Intermitente (Sazonal): 20% dos casos, e é mais comum nas crianças. Aquela que acontece só em algumas épocas do ano.
  • Crônica (perene): 40% dos casos, e é mais comum nos adultos. Não tem variação de acordo com as estações do ano. 

Rinite alérgica e qualidade de vida

Sabemos que os sintomas nasais atrapalham a qualidade de vida nos pacientes com rinite alérgica. A maioria dos pacientes relata que há um importante impacto no trabalho e no desempenho escolar. Além de afetar o humor e o sono, pode gerar cansaço e irritabilidade. Como diz o ditado popular, a rinite não mata, mas maltrata. 

homem espirrando de olhos fechados

Quais os fatores de risco para desenvolver rinite alérgica?

  • Histórico familiar de alergia: Uma criança com pais alérgicos pode ter de 50 – 70% de chance de ser uma criança alérgica. 
  • Sexo masculino.
  • Presença de IgE específica positiva para aeroalérgenos.
  • IgE sérico > 100 UI/mL antes dos 6 anos de idade.
  • Maior status socioeconômico.

rinite alergica

Estudos em crianças pequenas mostraram um maior risco de rinite alérgica naquelas com uma introdução precoce a alimentos ou fórmulas e/ou forte exposição ao tabagismo no primeiro ano de vida. 

Embora muitos estudos recentes tenham avaliado a ligação entre a poluição e o desenvolvimento da rinite alérgica, ainda não existe uma correlação significativa. 

Não ter um animal de estimação em casa me protege de não ter rinite alérgica?

Não há nenhuma evidência científica que mostre que não ter animais de estimação na infância impeça a doença de acontecer. Porém, quando há uma exposição precoce ao animal de estimação isso pode levar a indução de tolerância imune. 

criança coçando o nariz com o cachorro do lado, sentados no sofá

Outro dado importante foi uma meta-análise de 8 estudos que mostrou um risco 40% menor em crianças que viveram em uma fazenda durante o primeiro ano de vida.

Como diagnosticar a rinite alérgica?

O diagnóstico da rinite alérgica é realizado pelo médico, através de uma história e anamnese bem-feita, exame físico detalhado e exames que comprovem a sensibilização alérgica. 

Esses exames podem ser realizados ou pela dosagem de IgE específica para aeroalérgenos ou pelo prick teste (teste cutâneo).

exame de alergia no braço

A radiografia não é usada de rotina, mas sim para descartar outras condições, como a rinosinusite e a hipertrofia de adenoides. 

Como diferenciar a rinite da sinusite?

A rinite alérgica é uma doença que se caracteriza por uma inflamação da mucosa nasal que se não tratada pode levar a inflamação dos seios da face (um conjunto de cavidades ósseas localizadas na face que se comunicam com o nariz), que é a chamada sinusite. 

sinusite

Os sintomas mais comuns da sinusite são: 

  • Congestão nasal.
  • Secreção nasal amarelada, catarral.
  • Sensação de peso ou de dor na face.
  • Tosse noturna.
  • Presença ou não de febre.
  • Dor de cabeça ou dor na face (pode ser uma sensação de peso facial).
  • Gotejamento pós nasal (sensação de secreção que escorre por trás do nariz). 
  • Diminuição do olfato, e ainda sensação de ouvido “tampado”. 

A sinusite pode piorar a rinite ou provocar complicações, como: pneumonias, crises de asma, entre outras. Por isso, é importante que seja detectada e tratada adequadamente. 

Como tratar a rinite alérgica?

1 – Higiene ambiental: O principal objetivo do tratamento da rinite alérgica é evitar os alérgenos que são gatilhos da doença, e para isso é necessário, e primordial ao tratamento a higiene ambiental ao qual esse paciente vive. 

limpeza de poeira

2 – Medicamentos:

As opções medicamentosas incluem:

  • Corticóide nasal;
  • Antialérgico oral e nasal;
  • Antagonista do receptor de leucotrieno;
  • Imunoterapia alérgeno específica (vacina para alergia);

A primeira linha de tratamento medicamentoso para a rinite alérgica é o uso dos corticoides nasais tópicos. 

spray nasal

Para ter o efeito correto a medicação deve ser usada de forma regular (podem demorar até 14 dias para começarem a agir) e com a técnica correta. 

Técnica correta:

Primeiramente é necessário que o nariz esteja limpo, para retirar da cavidade nasal todo o muco em excesso e também os alérgenos que se depositam na cavidade. Essa limpeza pode ser feitas quantas vezes ao dia for necessária. O mais utilizado e recomendado para a lavagem nasal é o soro fisiológico, que pode ser aplicado com conta-gotas, seringa, spray, ou frascos de alto volume (conforme for a aceitação do paciente). Após a lavagem nasal o nariz deve ser seco, para então seguir com a aplicação do corticoide nasal. 

A ponta do frasco do spray deve ser colocada dentro do nariz e apontada lateralmente para o canto do olho do mesmo lado do nariz que está sendo aplicada a medicação, para minimizar o contato do produto com o septo nasal (de acordo com a foto abaixo), para que não ocorram sangramentos nasais com o tempo de uso (principal efeito colateral da medicação). 

técnica correta de uso de spray nasal

Antialérgicos:

Os anti-alérgicos utilizados para o controle dos sintomas são os de segunda geração (mais modernos, mais seguros e com maior durabilidade) como fexofenadina, loratadina, desloratadina, levocetirizina e bilastina. Os anti-alérgicos de primeira geração (mais antigos e com mais efeitos colaterais) não são recomendados para o tratamento da rinite alérgica, pois podem levar à sedação, boca seca, retenção urinária e taquicardia. 

antialérgicos

Dentre os antialérgicos de segunda geração não existe uma recomendação formal de qual é melhor que o outro, pois todos mostraram perfis de eficácia e segurança semelhantes em termos de alívio dos sintomas. 

Os antialérgicos intranasais, como a azelastina, têm um início rápido e são mais eficazes do que os anti-histamínicos orais no alívio dos sintomas nasais. Eles são recomendados como terapias de primeira linha para rinite alérgica e podem ser usados em conjunto com corticóide nasais tópicos.

Antagonista do receptor de leucotrieno:

O antagonista do receptor de leucotrieno, que é o montelucaste, pode ser benéfico em pacientes com rinite alérgica, mas não são tão eficazes quanto os corticóides nasais. Seu uso deve ser feito quando adicionado a outras medicações quando o paciente tiver sintomas graves ou refratários. 

Para pacientes nos quais as medidas de prevenção e higiene ambiental combinadas com a e terapia medicamentosa não são eficazes, a imunoterapia deve ser considerada. 

Imunoterapia:

A imunoterapia subcutânea ou a imunoterapia sublingual são terapias comumente usadas. As doses são crescentes a cada semana por 6 a 8 meses, seguidas por doses de manutenção mensais por 3 a 5 anos. Os pacientes experimentam um efeito prolongado e protetor, e a terapia medicamentosa pode então ser interrompida.

O que não usar?

Os descongestionantes orais, como a pseudoefedrina, são úteis para aliviar os sintomas, mas não são recomendados para uso diário prolongado devido ao seu perfil de efeitos colaterais. 

Os descongestionantes nasais, como a nafazolina (Neosoro), são alfa-agonistas que são entregues diretamente ao tecido nasal para produzir vasoconstrição. O uso prolongado de descongestionantes nasais tem o risco de causar efeito rebote de congestão nasal (rinite medicamentosa) e, portanto, não deve ser usado por mais de uma semana.

Fonte:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36924507/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *